Mudanças no perfil da mulher brasileira estão adiando a formação de famílias no País. Conforme o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2012, o número de mulheres que engravidou entre 40 e 44 anos passou de 53.016 para 62.371, em 10 anos, um aumento de 17,6%.

De acordo com o ginecologista e diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), Sandro Magnavita Sabino, ao contrário do que pensam muitas mulheres, após os 40 anos, a maioria dos casais alcançará uma gravidez de forma natural, com uma gestação espontânea. Por outro lado, há queda nas taxas de fertilidade. Entre 20% e 25% dos casais podem ter dificuldade e precisar de um tratamento de reprodução assistida.

Conforme dados da Pró-Criar, de Belo Horizonte, aos 40 anos a probabilidade de gravidez natural é a mesma que com 35, ou seja, 9% durante um mês de tentativas e 50% dentro de um ano. Entre os 41 e 42 anos as chances caem para 4% durante o mês  e 20% durante o ano. O cenário muda ainda mais entre os 43 e 45 anos, quando as probabilidade de engravidar dentro de um mês é de apenas 0,2% e de 1% em um ano inteiro de tentativas.

A orientação da Organização Mundial de Saúde para quem está nessa faixa etária é a de que, após seis meses de tentativa, se o casal não engravidar, deve procurar um especialista. Quanto mais rapidamente o casal procurar ajuda, maiores as chances de conseguirem uma gestação tranquila.

Assim aconteceu com a pesquisadora Márcia Pimenta Leibowitz, que conseguiu engravidar do filho David, aos 41 anos, por meio da fertilização in vitro. O processo aconteceu na clínica Origen, na capital mineira, após Márcia e o marido, que moram em Israel, fazerem cerca de 10 tentativas de fertilização no exterior. “Há muitas mulheres que querem ficar grávida e não pensam no depois. Eu queria ser mãe. Isso era uma coisa muito importante para mim. Há muito preconceito com a idade, mas bobagem. Se é um desejo seu, vá em frente!”, incentiva a pesquisadora.

Riscos

“Para a mulher, a idade avançada está associada ao aumento na incidência de diabete gestacional, hipertensão específica da gravidez, abortamentos, prematuridade e distócia funcional, quando o trabalho de parto não evolui na velocidade esperada. Para o bebê, os riscos estão associados a alterações cromossômicas numéricas ou estruturais, como a síndrome de Down”, explica Gilberto da Costa Freitas, especialista em Reprodução Humana da Clínica de Reprodução Humana, de São Paulo.

Em relação ao temor das mães quanto à possibilidade de ter filhos não saudáveis, a conclusão é a de que, em qualquer faixa etária, a chance de uma síndrome – seja ela Down, Turner ou Klinefelter – é pequena. O que acontece com o passar da idade é que, apesar de muito pequena, a brecha para uma mulher de 39 anos gerar uma criança com síndrome é maior que em uma de 25, por exemplo. Mesmo assim, não é considerado um fator preocupante que contraindique uma gravidez após os 40.

Técnicas

Atualmente, a principal técnica para pessoas que enfrentaram dificuldades para engravidar é a FIV (fertilização in vitro), reprodução assistida indicada para o tratamento de infertilidade, feminina e masculina. O procedimento é feito em diferentes etapas, desde a coleta e seleção dos gametas (óvulos e espermatozoides), à fecundação, que ocorre em laboratório, cultivo dos embriões e transferência para o útero materno.

A técnica, hoje, possibilita também o tratamento de infertilidade feminina provocada por outras causas: idade avançada, distúrbios de ovulação, endometriose, infertilidade sem causa aparente são alguns exemplos.

Já a popularmente chamada de Inseminação Artificial, no meio médico é Inseminação Intrauterina (IIU), um tratamento de reprodução assistida de baixa complexidade. O objetivo é aumentar a chance de gravidez para determinado casal, pelo aumento da probabilidade de maior quantidade de espermatozoides de qualidade atingir o local da fertilização.

Em casais com alteração do muco cervical ou alterações no colo uterino, o objetivo é transpassar ou superar este possível fator cervical. Porém, o teste pós-coito não é mais atualmente recomendado como exame de rotina na maioria dos países.

A IIU com ou sem o estímulo ovariano pode ser indicada em uma variedade de condições clínicas. A indicação mais rotineira é quando existe o diagnóstico de infertilidade masculina com alteração seminal discreta ou moderada, ou quando sêmen de um doador será necessário. Pode ser indicada também em casos de infertilidade sem causa aparente, endometriose ou anovulação – associada à estimulação ovariana.

Outra opção é a doação de gametas (óvulos ou espermatozoides) e embriões, uma das técnicas complementares à fertilização in vitro (FIV).

A doação de óvulos ou ovodoação consiste na cessão – de uma mulher para outra – de óvulos, a fim de que sejam fecundados, formem embriões e, posteriormente, sejam transferidos para o útero da receptora, para que a gravidez possa ocorrer.

Há, também, a doação de espermatozoides, um ato voluntário, por meio do qual um homem saudável faz a doação  de gametas para serem utilizados em mulheres com problemas de reprodução.

Essas técnicas são indicadas para os casais homoafetivos que desejam ter filhos. No Brasil, desde 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união homoafetiva, o Conselho Federal de Medicina (CFM), responsável por orientar a reprodução assistida no País, ampliou o acesso às técnicas para casais masculinos e femininos.

Material produzido para o Raio-x do Doutor em setembro de 2016.
Foto: Pixabay.
Fontes: clínicas Pró-Criar e Origen.

 

 

 

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